sábado, 21 de março de 2009

Ip Man (2008, dir. Wilson Yip)




Na década de 30 a cidade de Foshan se destacava por suas variadas escolas de artes marciais, entre os vários mestres um especialista em Wing Chun era respeitado por todos por suas habilidades, seu nome era Ip Man (Donnie Yen).
7 de Julho de 1937, a China é invadida pelo Japão, sem esperança e humilhado o oprimido povo chinês se curva diante do poder japonês, mas um homem não irá aceitar ser dominado.


O filme que supostamente conta a história do "sifu" Ip Man chamou a atenção de muita gente quando foi anunciado e recebeu atenção principalmente dos entusiastas do estilo Wing Chun e o filme mereceu toda essa atenção?
Sinceramente eu acho que não, não entendam mal o filme é muito bom mas infelizmente contém alguns "foras" que me incomodaram muito.
Começemos pela meia hora inicial do filme, totalmente desnecessária, diálogos idiotas e monótonos, assim como vários filmes da era old-school de filmes de kung-fu tudo não passa de enrolação para o grande espetáculo, a pacandaria.
Logo, para quem é fã de filmes da década de 70 isso não é problema algum, mas 30 anos se passaram e o público não é mais o mesmo e essa característica pode ser um obstáculo que fará os fãs de filmes modernos desistirem de assistir o filme antes da metade do mesmo, porém, após essa meia hora o filme praticamente se transforma em outro. A paz na China é ameaçada com a chegada dos japoneses e nesse momento o diretor soube transmitir como o país ficou abalado usando de uma fotografia escura que lembra um pouco o clima de obras "noir".
Duas imagens que demonstram os dois lados do filme


E não só a fotografia se transforma como a personagem Ip Man, no começo do filme ele estava longe de ser uma personagem que estamos acostumados a ver Donnie Yen interpretar, o vulgo "Badass" , não sei quanto a vocês mas quando vejo Donnie Yen interpretando um personagem "bonzinho" ou alegre de mais (como seu personagem em seu primeiro filme como protagonista Drunken Tai-Chi, 84) ele acaba se tornando um personagem extremamente detestável (talvez seja esse o motivo por eu não gostar do Drunken Tai-Chi, isso e as poucas lutas, mas isso é papo pra outro post) e é a partir da invasão japonesa que ele fica mais próximo de uma personagem de Donnie Yen, ou seja, cara fechada, frio e com um olhar de psicopata.
Mas é justamente nesse momento que deveria ser cru e "realista" (entre parênteses pois todos nós sabemos que filmes de luta nunca conseguem/podem ser realistas de mais) que o filme continua errando, principal motivo? O uso de cordas nas lutas (tambem conhecido como wire-fu) em momentos anteriores do filme esse artificio é usado mas naquele clima de uma cópia aleatória do Era Uma Vez na China o uso de cordas até que passa despercebido, mas agora o clima é outro e o uso dessas cordas em alguns momentos faz que você se sinta como se você descobrisse que ganhou na loteria só pra receber uma ligação de seus "amigos" gritando do outro lado da linha "Primeiro de abril!" , um balde de água fria.
Mas tirando isso, as lutas estão excelentes, rápidas e brutais, o que mais contribui pra isso é quando Ip Man dispara uma metralhadora de socos no rosto de seus oponentes algumas cenas chegam a doer no espectador
Ação e reação

Entre as lutas a que mais se destacou foi a velha fórmula "1 pessoa contra uma escola de karatecas"
Fórmula que já foi repetida em filmes como Furia do Dragão (Fist of Fury, 72) e Lutar ou Morrer (Fist of Legend, 94) aliás não é só nessa cena que o filme Ip Man nos faz lembrar de outros filmes, seja o general japonês que remete ao vilão interpretado por Billy Chow no Fist of Legend a alguns aspectos que lembram o recente O Mestre das Armas (Fearless, 06) até mesmo a alguns ossos quebrados dos pobres karatecas que lembra a famosa cena de Tony Jaa no também recente O Protetor (Tom Yum Goong, 05).

Fechando o segundo post do MNNTS, Ip Man é diversão de qualidade, possue sim seus erros que podem incomodar os fãs xiitas dos filmes old-school e não é tão memorável quanto poderia ser, mas merece a atenção de todos aqueles que ficaram traumatizados com a enxurrada de Wuxias "molengões" e "mela cueca" que tivemos nos ultimos anos e felizmente (ou infelizmente para alguns) foi quebrada com a pancadaria bruta dos filmes tailandêses e provavelmente graças a eles podemos ver Donnie Yen fazendo o que ele faz de melhor, espancar vagabundo.


Trailer








P.S: Fujam do DVD chinês do filme, as legendas em inglês estão ridiculas

3 comentários:

Á. disse...

Achei que o filme era sobre um hacker chinês ;o

Raphael Dias (Pin-Head) disse...

AHEUAHUAEHAEUHAUAEH infame como sempre.

Anônimo disse...

Acho que por ser biográfico, é comum ter "partes chatas" com diálogos para contextualizar o público.